Ed. 05 - O Livro dos Espíritos

por José Rodrigues Passarinho

Le Livre des Esprits2

A religião foi uma imposição aos homens, por muitos séculos. Não era permitido discutir ou debater os seus preceitos. E nem todos os seus preceitos eram aceitos por quem se dispusesse a refletir um pouco sobre eles.
Por exemplo, a questão das penas e recompensas futuras. Ao bom comportamento, a recompensa do céu. Ao mau comportamento, o queimar eterno no inferno. E o bom comportamento era definido por ações quase impossíveis de serem conquistadas em apenas uma vida. E o pior, nem mesmo os seus divulgadores conseguiam seguir lista tão rigorosa.
Quando a perseguição diminui e aos homens foi dada a permissão de raciocinar, a religião foi abandonada pelos intelectuais. Foi jogada, como diz Kardec, “aos porões da superstição”. Foi neste ambiente de dúvida religiosa, de separação entre fé e ciência, que veio à Terra a Terceira Revelação, em meados do século 19.
A Primeira Revelação veio por intermédio de Moisés, ensinando o Deus único e rigoroso e a necessária obediência às Suas leis. A Segunda Revelação foi a do amor, da caridade, do fazer ao próximo o que gostaria que fosse feito a você, trazida pelo nosso Mestre Jesus. Com mais explicações (afinal, já tínhamos alcançado evolução suficiente para tanto), reunindo ciência e religião, veio a nós o Espírito da Verdade com a Terceira Revelação.
Revelação que foi organizada por Allan Kardec, pseudônimo do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail que, a partir de 1855, começou a pesquisar fenômenos mediúnicos que divertiam a sociedade parisiense da época, as famosas mesas girantes, que respondiam perguntas por meio de batidas e movimentos. A mesa e os movimentos foram substituídos por médiuns e por instrumentos de escrita. As perguntas triviais, por questões ligadas à existência humana.
Em 18 de abril de 1857, Kardec publicou a sua pesquisa, lançando O Livro dos Espíritos, pedra fundamental de toda uma doutrina (antes dele nem o termo “espiritismo” existia), onde se encontra, de forma didática e esclarecedora, toda uma revolução no conhecimento existencial humano. Revolução que traz de volta ao homem a fé, a esperança e a certeza de um futuro melhor. Não por motivos mágicos ou fantasiosos, mas, sim, pela lógica, pela razão, pelas consequências de seus atos.
Da mesma forma que a ciência não foi inventada, mas, sim, descoberta e revelada pelos cientistas, as leis espirituais, nossa relação com o invisível, nada foi inventado por Kardec. Ele nos trouxe de forma organizada e didática o que ele pesquisou e descobriu por meio de um diálogo didaticamente estruturado com o invisível.
“Nunca houve, aliás, um diálogo como este”, diz Herculano Pires no prefácio da edição do centenário do espiritismo. E continua: jamais um homem se debruçou, com toda a segurança do homem moderno, nas bordas do abismo do incognoscível, para interrogá-lo, ouvir as suas vozes misteriosas, contradizê-lo, discutir com ele, e afinal arrancar-lhe os mais íntimos segredos. E nunca, também, o abismo se mostrou tão dócil, e até mesmo desejoso de se revelar ao homem em todos os seus aspectos.”
Na obra O Livro dos Espíritos, estão os princípios da doutrina espírita, a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos, suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade. Um verdadeiro manual de instruções da existência humana.
Quer conhecer o espiritismo? “Comece pelo começo”, como diz uma campanha da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, lembrada também na matéria Por que estudar o espiritismo, escrita pela Glaucia Savin. Comece com as obras básicas. O Livro dos Espíritos é a primeira e a mais essencial delas.

Índice Edição 05
Home Blog Jornal do IEE

Nenhum comentário:

Postar um comentário