Ed. 08–Editorial–Educação na visão espírita

 

imagepor Maria Inez Batista Araujo
diretora de educação

 

 

 

 

Educação na visão espírita Curso intensivo de iniciação ao estudo do Espiritismo. EXPEDIENTE O que é educação, se não a aquisição ou modificação de algo em nós que altera o nosso olhar ou a nossa leitura do mundo? Quando falamos em educação, logo pensamos no aspecto cognitivo, intelectual, praticado nas organizações de ensino, onde se tem escola, professor e aluno, onde o aluno passa pelo processo que consiste em acumular informações e conhecimentos, adquirindo a educação intelectual. Não pensamos na educação do espírito, na educação moral, que promove a evolução do homem ao oferecer os instrumentos do conhecimento e da serenidade, que levam ao desabrochar das virtudes e da sabedoria, as quais ajudam o ser humano – através da ação livre no mundo – a crescer espiritualmente.

Para Allan Kardec, que foi discípulo do educador Pestalozzi, a educação é voltada para o crescimento harmônico do indivíduo e a doutrina espírita reflete este ponto de vista, pois a reforma íntima que está em sua base é, assim, um processo educacional por excelência. A evolução espiritual através das múltiplas vidas sucessivas leva o ser humano a conquistar a perfeição para a qual ele foi criado, partindo da ignorância e simplicidade inicial. Este é o pilar do espiritismo, que assim nos mostra o processo educativo a que estamos submetidos e faz com que o nosso planeta Terra seja comparado a uma escola, com seus anos letivos que vamos conquistando através do aperfeiçoamento adquirido em cada vida. Como disse Herculano Pires, em Pedagogia Espírita: “O Livro dos Espíritos é um manual de Educação Integral oferecido à Humanidade para sua formação moral e espiritual na Escola da Terra”.

Livres que somos neste aprendizado, podemos nos afastar dos nossos compromissos assumidos no Plano Espiritual inclusive experimentando caminhos menos dignos, para aprendermos o valor do Bem – toda ação que contribui para a evolução dos homens é uma ação pedagógica. Aqui, a “pedagogia espírita” assemelha-se à idéia do construtivismo, na pedagogia da educação, em que o erro é uma experiência necessária para a aprendizagem – o indivíduo erra e, ao errar, aprende com o erro. Este mecanismo gera dor, e essa dor não tem jamais a finalidade punitiva, porém, educativa, corretora.

O papel de um educador, seja ele pai ou professor, é conduzir o espírito reencarnante com amor, com o compromisso de ajudá-lo no seu adiantamento. No período da infância – até por volta dos sete anos – o espírito é mais acessível às impressões que recebe, pois sua consciência e suas faculdades ainda estão adormecidas, não restando alternativa à criança senão confiar, completamente indefesa, nos adultos que a recebem. Educar uma criança é aceitá-la com sua bagagem de experiências, respeitar sua individualidade e ajudá-la a lapidar as arestas da sua personalidade e desenvolver suas aptidões e potencialidades para o bem.

Assim sendo, talvez a melhor educação espírita seja aquela capaz de conservar, pela vida inteira, a disposição natural que a criança tem de buscar continuamente a aprendizagem e de olhar o mundo sempre com olhos novos e mente receptiva, despertando a consciência para o progresso integral do ser.

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