Ed–17–Matéria Doutrinária

por Esterlita Moreira

Obras Póstumas – um convite à leitura e à reflexão

Quando nos aproximamos de um livro: gostamos de tocá-lo, lemos o seu título, lemos o texto das “orelhas” (abas internas), e aí vamos ao índice ou sumário e lemos os títulos dos capítulos. Pronto! Já temos uma idéia do que o livro quer nos contar e temos dados suficientes para concluir nosso interesse em lê-lo ou não.

O que esta coluna vai propor a você, leitor do Jornal IEE, é realizar essa aproximação de mais uma das obras de Allan Kardec, assim..., nesse processo. Relembrando que, o pentateuco da doutrina espírita, composto pelos livros, O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868), são também chamados de obras básicas.

Para essas obras, Kardec contou com o concurso de uma equipe de espíritos de alto grau na hierarquia dos espíritos, como São Luis, Santo Agostinho, Fénelon, o Espírito de Verdade, Sócrates, entre outros.

Então, dando sequência à nossa exploração, o livro Obras Póstumas, lançado em 1890, após a morte de Kardec, é considerada uma das obras complementares da doutrina espírita, que são de cunho mediúnico e não mediúnicas.

Comecemos, então, a nossa análise. A palavra póstuma vem do latim postumu, "último, derradeiro"; posterior à morte de alguém. Então, obras póstumas vêm a ser as obras publicadas depois da morte do autor, certo?

Conforme registros, Kardec iniciou seus estudos sobre da vida dos espíritos quando contava com 51 anos de idade. De 1855 a 1869, foram 14 anos de trabalho e estudo intensos. Muitos desses estudos e reflexões não foram possíveis de serem publicados em vida e ficaram para outros estudiosos a missão. E foi no ano de 1890, que o livro Obras Póstumas foi publicado.

O conteúdo do livro

O livro Obras Póstumas foi dividido em duas partes. A primeira parte compreende os aspectos doutrinários do espiritismo. A segunda nos traz os relatos de Allan Kardec acerca da sua missão e da constituição do espiritismo, a sua biografia e o discurso pronunciado diante de seu túmulo, por Camille Flammarion.

Primeira parte

Nessa parte, Allan Kardec nos traz a possibilidade de pensar a cerca de tudo, até mesmo sobre a fé, trazendo um conceito muito importante, no qual nos apoiamos quando não aceitamos as coisas assim como sempre foram – a possibilidade de professar a nossa fé, com bases na razão, a famosa frase que não cansamos de pronunciar, a fé raciocinada. Kardec afirma: "Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade".

Assim, esta fé, condiz com que os espíritos da verdade nos revelaram: que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. E que um princípio inteligente que anima nosso corpo, é independente da matéria e sobrevive ao corpo depois da morte deste.

Destacamos nessa parte, o estudo que Kardec faz sobre a natureza do Cristo, sem se apoiar nos dogmas já instituídos pelas religiões. Kardec procura investigar o significado das palavras de Cristo.

As cinco alternativas da humanidade

Um pouco mais adiante, encontramos um capítulo que vai falar da direção que podemos dar às nossas vidas, segundo nosso livre arbítrio e entendimento. Nas palavras de Kardec, “se havemos de viver, como viveremos? Em que condições viremos a encontrar-nos?”. O que mais corresponde às nossas aspirações, a levar em conta também às exigências da sociedade? Então Kardec nos propõe uma reflexão muito íntima e de cunho moral muito importante. Temos aqui, cinco alternativas que resultam das doutrinas do materialismo, do panteísmo, do deísmo, do dogmatismo e do espiritismo.

E finalizando esta primeira parte, Kardec nos traz mais uma vez à reflexão, uma série de questões e de problemas de ordem social e moral.

Segunda parte

A missão de Allan Kardec

Um relato sobre o seu primeiro contato com as "mesas girantes", em 1854, a convite do seu amigo e magnetizador Fortier, até ao que ele próprio intitula os "Meus Trabalhos Pessoais e Conselhos Diversos".

O projeto 1868

Allan Kardec conduziu seus estudos sobre a doutrina dos espíritos de tal maneira que não pudesse deixar dúvida sobre a sua unidade. Dizia que o estabelecimento teórico da doutrina (ensino) e os meios de propagá-la (divulgação) eram os dois elementos que concorriam substancialmente para o progresso do espiritismo. Por fim, Kardec discorre sobre a constituição do espiritismo e sobre os princípios fundamentais da doutrina.

E para encerrar este nosso encontro aqui, transcrevemos um pequena parte do discurso feito por Nicolas Camille Flammarion, mais conhecido como Camille Flammarion (1842-1925), astrônomo francês, adepto do espiritimo e amigo de Allan Kardec.

"Agora voltaste a esse mundo de onde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrenos. Teu invólucro dorme aos nossos pés, teu cérebro está extinto, teus olhos estão fechados para não mais se abrirem, tua palavra não mais será ouvida!... Sabemos que todos nós chegaremos a esse último sono, à mesma inércia, à mesma poeira. Mas não é neste envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança.  O corpo cai, a alma fica e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor. E, no céu imenso, onde se exercitarão as nossas mais poderosas faculdades, continuaremos os estudos que na Terra dispunham de local muito acanhado para os conter.  Preferimos saber esta verdade, a crer que jazes por inteiro neste cadáver, e que tua alma tenha sido destruída pela cessação do jogo de um órgão. A imortalidade é a luz da vida, como este sol brilhante é a luz da Natureza. 

"Até logo, meu caro Allan Kardec, até logo."

índice

Nenhum comentário:

Postar um comentário