ed.18–Psicologia – Falando sobre depressão

Débora Guimarães e Sandra Dourado

Apesar do extenso e diversificado estudo em relação à depressão, ainda nos dias atuais, há muitas críticas
em relação ao termo, como também a forma de tratamento.

Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é considerada uma das dez principais causas de incapacitação no mundo,
limitando o funcionamento físico, pessoal e social.
A depressão conhecida por alguns como o “mal do século”, por apresentar causas relacionadas aos problemas de nossa época, já existia desde a
antiguidade. Essa forma de sofrimento psíquico, por um longo período da historia foi definida como melancolia.

A melancolia se apresenta nos escritos de Hipócrates, considerado o pai da medicina, e seria causada pelo aumento da concentração de bile
negra. Seus sintomas incluíam tristeza,
ansiedade e tendência ao suicídio.

Naquela época acreditava-se que uma disfunção hepática produzia os quadros de depressão.

Atualmente, há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do deprimido e pesquisas mostram que a causa possa ser um excesso ou diminuição de
neurotransmissores. Na visão da doutrina espírita a origem para tal desequilíbrio está no próprio espírito,
este traz registrado no perispírito a carga de culpa, mágoas e ressentimentos, influenciando a neurotransmissão cerebral. A cura é sempre da alma.

A psicanálise oferece uma visão onde coloca a depressão e a melancolia não somente sob o ponto de vista biológico. Freud situou os estados de
luto e melancolia no registro da perda, preocupando-se em compreender a maneira como cada indivíduo pode reagir psiquicamente a estes sofrimentos.

Mas como o sujeito adoece?
Quando percebemos que estamos com depressão?
Segundo Freud, o sujeito é constituído socialmente por identificações diversas que refletem sobre seus anseios, afetos e fantasias. Neste sentido, a interação com o meio, é de profunda importância,
sendo neste contexto sociocultural que o homem construirá a sua subjetividade.

Com isto, as influências culturais de cada época serão componentes importantes nas relações das
pessoas quanto a sua condição de ser e de viver.

Sob esta ótica, no mundo contemporâneo – que exige uma desenfreada corrida atrás de segurança,
poder e satisfação pessoal – constatamos a instabilidade profissional, as relações passageiras, a falta de tolerância e confiabilidade. Percebemos
situações propícias para uma fuga do sofrimento ou favorável à depressão.

Neste cenário, a intolerância da sociedade para com os sentimentos, que fazem parte da depressão,
aumentou a partir do momento em que promessas de cura tiveram repercussão com a indústria farmacêutica. Deste modo, numa experiência de dor
transitória, sentimento próprio da condição humana, é comum vermos pessoas que ficam tristes ocasionalmente, sendo tratadas como depressivas.

Mas como diferenciar um quadro depressivo de um sentimento passageiro de tristeza?

Para sabermos se o que sentimos é doença, é necessário um diagnóstico de um profissional da saúde, que fará uma investigação criteriosa da história do paciente. Um olhar clínico e social
sobre o estado psíquico, a intensidade em que se manifesta e o quanto isto prejudica a sua vida pessoal.

Dentro de uma visão em que o indivíduo em sua singularidade é também um ser biopsicossocial e espiritual, a manifestação do quadro clínico
é bastante variável. Cada caso exige um tratamento e uma intervenção específica.

E o espiritismo e a depressão Segundo Divaldo Pereira Franco, em entrevista ao programa Transição,
“a função do Centro Espírita em relação aos quadros de depressão é complementar ao tratamento médico”.

Ele ainda afirma que “o espiritismo não veio substituir a ciência, mas complementá-la no tratamento espiritual, no fenômeno obsessivo e o psiquiátrico”.

A prece é um bom remédio para serenar o espírito que não vê saída para o sofrimento. O hábito da oração e da vigilância dos pensamentos previne
que a depressão se instale ou tome proporções maiores. Jesus ensinou:

Orai e vigiai! Portanto se observe, se você percebe um aumento da angústia com sentimentos de culpa, de menos valia, com pensamento fixo em uma
pessoa ou situação, tirando-lhe o sossego, como insônia ou excesso de sono, inapetência, crises de choro... o alerta foi dado. Não permita que estes
sentimentos façam um ninho em sua mente. Ore, fique atento aos primeiros sinais, faça evangelho no lar, procure ajuda espiritual e profissional.

Quanto mais nos aproximarmos de Deus, ou seja, da nossa essência onde carregamos o gérmen da perfeição, mais felizes seremos. À medida que evoluímos nos despojamos das imperfeições adquirindo saúde integral.

A psicologia e o espiritismo muito se assemelham, pois convidam o indivíduo se conhecer, a se modificar, auxiliando-o a descobrir a própria capacidade de se manter ou retornar ao estado de
equilíbrio.

REFERÊNCIAS

FREUD, S. Luto e Melancolia. In: Freud, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol XIV. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1990.

BAUMAN, Z. Mal-estar da pósmodernidade.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

CERQUEIRA Filho, Alírio. Cura espiritual da depressão.
Santo André, SP:
Editora Bezerra de Menezes, 2006.

FRANCO, Divaldo Pereira.
O Despertar do espírito / pelo espírito Joanna de
Angelis. BA: Livraria Espírita Alvorada, 2000.

LOPES, Sérgio Luis da Silva. Leis morais & saúde mental. Porto Alegre, RS: Francisco Spinelli, FERGS, 2007

www.sosdepressao.com.br

http://www.fundamentalpsychopathology.org/journal/mai6/8.pdf

http://www.neurociencias.org.br/pt/544/depressao-2/

índice

Nenhum comentário:

Postar um comentário