Edição 20–Julho e Agosto de 2012

 

edição 20 capa

Editorial

Sugestão de leitura
A Loucura sob novo prisma – Bezerra de Menezes
Rafael Dourado

Beneméritos da humanidade
Bezerra de Menezes
Lúcia Andrade

Matéria especial
Adolfo Bezerra de Menezes, o Kardec brasileiro
Aldo Colasurdo

Matéria de capa
A Reencarnação
André Steagall Gertsenchtein

Psicologia e espiritismo
A Loucura sob novo prisma
Sueli Issa

Assuntos em família
“O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anelos humanos”. Joana de Ângelis
Sandra Dourado

Matéria doutrinária
A Lei da Reprodução – uma lei natural
Esterlita Moreira

Programação

Palestras e palestrantes

Aconteceu

Vai acontecer

Expediente

Ed.20–Editorial

A partir desta edição contamos com o acréscimo de dois novos colaboradores em nossa equipe.

Damos as boas vindas à Taísa e ao Alberto, que serão responsáveis pela diagramação e pela arte final de nosso jornal.

Gostaríamos de fazer um agradecimento especial ao Zé Luiz, que por motivos pessoais, teve de se afastar destas funções, mas permanece participando de suas atividades no IEE.

Graças ao talento, dedicação e muito trabalho do Zé, o jornal do IEE tornou-se uma realidade há quatro anos, e ao longo deste tempo, vem se aperfeiçoando, a fim de levar esclarecimento, consolo e informação a diversas pessoas.

Nesta edição, a matéria de capa trata sobre a Reencarnação, importante princípio fundamental da doutrina espírita.

Na seção Beneméritos da Humanidade, apresentamos a luminosa biografia de Bezerra de Menezes, a qual comprova na prática, a teoria reencarnacionista apresentada pelo espiritismo.

Trazemos também, através de um artigo escrito pelo conselheiro Aldo Colasurdo, uma face muito importante da vida de Bezerra de Menezes: o trabalho incansável pela unificação do movimento espírita no Brasil, ao ponto de ele ser conhecido como o Kardec brasileiro.

Na seção Psicologia e Espiritismo, abordamos o tema: a loucura sob um novo prisma, trazendo a visão espírita sobre os problemas mentais da criatura humana.

No Assunto de Família, falamos sobre o casamento, e na matéria doutrinária, sobre a Lei de Reprodução.

Esperamos que o conteúdo e a apresentação sejam de seu agrado.

Boa leitura!

A redação

Índice

Ed.20–Sugestão de leitura

Rafael Dourado

loucura novo prisma1

Esta é uma das obras da coleção Bezerra de Menezes e que apresentamos na série Psicologia e Espiritismo desta edição do jornal do IEE.

Além dela, Bezerra de Menezes escreveu:

O Evangelho do futuro;

A Casa Assombrada;

Lázaro, o leproso;

A pérola negra;

História de um sonho;

Casamento e mortalha;

Os carneiros de Panúrgio;

Uma carta de Bezerra de Menezes;

Espiritismo: estudos filosóficos, 3 volumes.

Índice

Ed.20–Beneméritos da humanidade

Lucia Andrade

Bezerra de Menezes

bezerra de menezes

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Riacho do Sangue, 29 de agosto de 1831 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1900) foi um médico, militar, escritor, jornalista, político e expoente da doutrina espírita no Brasil.

Bezerra de Menezes foi chamado de “o Kardec brasileiro”, “o médico dos pobres”, foi uma das personalidades públicas mais conceituadas do Brasil e conseguiu dar uma nova orientação e ânimo ao espiritismo no país.

O resultado de sua obra se estende até esse início de século 21, com a multiplicação de centros e comunidades espíritas que carregam, mais do que o seu nome, sua postura diante da vida e o esforço em ajudar o próximo sem esperar qualquer tipo de recompensa.

Começou seus estudos na escola pública em 1838 e, em 1842, foi para o Rio Grande do Norte: sua família teve de se transferir por motivos políticos, uma vez que eram liberais e estavam sendo perseguidos.

Bezerra de Menezes foi para o Rio de Janeiro em 1851 e, a partir de novembro de 1852, entrou como interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.

Em 1856, conseguiu obter seu doutorado pela Faculdade de Medicina, defendendo a tese Diagnóstico do Cancro. Posteriormente, iniciou um período de atividades políticas que fariam com que seu nome se tornasse ainda mais conhecido no país.

Canuto de Abreu, um dos mais importantes historiadores do espiritismo no Brasil, escreveu que outra missão o aguardava, não para que ele fosse coroado de louros, mas para que tivesse uma tarefa ainda mais importante, servindo ao seu país de uma forma que se mantém na memória e rende frutos até hoje.

Em 1875, surgia a primeira edição brasileira de O Livro dos Espíritos, traduzido por Joaquim Carlos Travassos, que ofereceu um exemplar ao Dr. Bezerra de Menezes.

Ao mesmo tempo em que entrava em contato com o espiritismo, Bezerra de Menezes continuava seu trabalho como médico, destacando-se por sua postura humanista, atendendo pessoas sem condições de pagar o tratamento e até mesmo indigentes.

Com o pseudônimo de Max, ele começou a escrever para o jornal O Paiz, em 1886 e seus textos chegaram a ser considerados entre os mais importantes estudos filosóficos e doutrinários do espiritismo no país. Em 1890 e 1891 foi vice-presidente da FEB, época em que também traduziu o livro Obras Póstumas, de Allan Kardec.

Com sua postura nada ambiciosa e desapegada das coisas materiais, Bezerra conquistou a admiração de muitas pessoas, mas também teve problemas, sendo reduzido à pobreza em 1892. Mas não abandonou a luta em favor do espiritismo, escrevendo sua seção dominical de O Paiz, artigos para o Reformador, e romances.

Ele se manteve como presidente da FEB até desencarnar, no dia 11 de abril de 1900.

Chegou a ser chamado de “o Kardec brasileiro”, e sua obra mais consistente, foi a que se refere à ajuda aos pobres e necessitados, não pensando duas vezes na prestação de serviços e em dividir o pouco que possuía.

No mundo extremamente materialista em que vivemos nesse início de século é um exemplo que deve sempre ser seguido.

Índice

Ed.20–Matéria especial

Aldo Colasurdo

Adolfo Bezerra de Menezes, o Kardec brasileiro

Na atual cidade de Solonópole no Ceará, em 29 de agosto de 1831 , o Tenente-coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes recebeu em seu lar mais um herdeiro: Adolfo Bezerra de Menezes. Mais tarde, dirigindo-se a este filho que sonhava ser médico, desculpou-se por não ter condições financeiras de atendê-lo. Sem se abalar, aos 19 anos, o jovem despediu-se do lar paterno e com reduzidos recursos partiu para o Rio de Janeiro.

Para custear o curso universitário e se manter, dava aulas e estudava em bi- bliotecas públicas. Em 1856, doutorou-se em Medicina. Em 1858, foi nomeado Cirurgião-Tenente. No mesmo ano casou-se com Maria Cândida de Lacerda. Esta, a quem muito amou, faleceu em 1863, deixando-lhe dois filhinhos, um com três anos e outro com um. Posteriormente cessaria a viuvez casando-se com Cândida Augusta irmã de sua falecida esposa, e foi pai de sete filhos.

Várias lendas têm surgido em torno da vida de Bezerra muitas delas plausíveis, pois encontram certo apoio no espiritismo. É o que nos conta o saudoso líder espírita Leopoldo Cirne: no começo, o emigrado pobre do Ceará, lecionava humanidades para pagar os estudos e a sua própria subsistência. Um dia, sentia-se muito preocupado com sua situação quando bateram em sua porta. Era um desconhecido que vinha procurá-lo; depois de ajustar uma série de lições insistiu em pagar o custo combinado, antecipadamente. Confortado Bezerra solveu seus problemas. As aulas seriam iniciadas o dia seguinte. Porem o estudante desconhecido não apareceu no dia seguinte e nunca mais tornou a aparecer ou dar notícias.

Em 1860, os moradores de São Cristovão, onde atendia a população humilde, solicitaram que os representasse na Câmara Municipal. Com esta intenção, o elegeram em 1861 e o reelegeram em 1864. Em 1867, foi sufragado Deputado Geral. No cargo público, suportou torrentes de injúrias. Posteriormente retirou-se da política, dedicando-se a iniciativas particulares como empresas de Estradas de Ferro.

Apreensivo com a situação, em 1876 retornou a política sendo eleito Presidente da Câmara Municipal. Preocupado com a pobreza, lutou ainda pelo direito da instrução pública. Mostrou-se contrário à escravidão. Suportou o desencarne de quatro filhos; o mais doloroso foi o de sua filha de 22 anos, dedicadíssima auxiliar, sob o qual declarou: “como chorar por ver partir um amado ente quando se sabe que este vai para o plano celeste?”; (esta, ao sentir chegada sua hora, com um sorriso nos lábios pediu a benção do pai e partiu para o céu).

O dia 16 de Agosto de 1886 tornou-se memorável no histórico de sua vida: em um grande salão, onde estavam reunidas cerca de 2 mil pessoas da sociedade; “o médico dos humildes” proclamou a sua adesão ao espiritismo. A partir de então o espiritismo no Brasil, ganhou novas forças. Escreveu mais de oito livros, além de artigos em jornais. Em 1889 e 1894 foi eleito presidente da Federação Espírita Brasileira e vice-presidente em 1890 e 1891.

Foi encontrar-se com a filha no Plano Celestial em 11 de abril de 1900. Seu cortejo fúnebre, com grande acompanhamento, encontrou no Cemitério São Francisco seu jazigo coberto de flores que mãos piedosas foram lá espargir. Médico hábil, atendia a todos, na maioria das vezes gratuitamente, e aos mais necessitados ainda fornecia recursos. Como médico foi competente e caridoso, como político trabalhou suportando ofensas e injúrias; desencarnando pobre mostrou sua honestidade sem ambição. Na França, ao saber de seu passamento, Léon Denis declarou: “quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo”.

Vem ganhando vulto a frase “Adolfo Bezerra de Menezes, o Allan Kardec Brasileiro”.

Índice

Ed.20–Matéria de capa

André Steagall Gertsenchtein

A Reencarnação

reencarnaçãoa

“A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.”

(Kardec, “O Livro dos Espíritos”, Questão 171, parte)

Vivemos durante muito tempo buscando resposta para perguntas como estas: Por que há ricos e pobres? Por que há sucessos e fracassos? Por que nem sempre os que são ricos e têm sucesso são os bons?

As religiões tradicionais nos ensinaram que quem decidia estes assuntos era Deus. “Porque Deus assim quis” - era a resposta que ouvíamos. E ai de quem duvidasse da sabedoria Dele.

Também nos contavam que vivíamos uma única vez, e que as consequências desta única experiência eram eternas. Uma vida de erros levava à eternidade no inferno. Uma vida de acertos levava à eternidade - de ócio - no céu.

À medida que o tempo passava, a humanidade se tornava mais racional. Aprendíamos sobre os fenômenos naturais, desenvolvíamos a ciência e a filosofia, mas a religião continuava a mesma.

As explicações tradicionais não eram mais satisfatórias, e muitos de nós passamos a ver Deus como sinônimo de irracionalidade. Ou ele era invenção dos religiosos ou não era lá muito sábio (e muito menos justo).

As pessoas começaram a achar que não dava para raciocinar e ter fé ao mesmo tempo. E foram se afastando de Deus, fazendo da religião algo meramente formal.

O surgimento do Espiritismo trouxe, pela primeira vez em muito tempo, de forma organizada, conceitos realmente fundamentais:

1) Somos espíritos e sobrevivemos ao nosso corpo físico, que é provisório. Somos imortais.

2) Fomos todos criados simples e ignorantes.

3) Como espíritos nascemos muitas vezes. Cada experiência de uma vida, chamada encarnação, permite aprendizado diferente. Com o tempo, todos aprenderemos o suficiente para atingirmos a perfeição.

Estes conceitos deram sentido às perguntas mencionadas antes. O que víamos, numa única encarnação na Terra, era uma “foto” de um filme bem mais longo - o filme da história de cada espírito. Rico hoje, pobre ontem. Doente hoje, saudável amanhã.

Ajudaram a explicar as aparentes desigualdades - inexplicáveis sem eles - e as injustiças também aparentes entre pessoas de merecimento nem sempre igual aos privilégios recebidos.

Trouxeram, mais que tudo, esperança no futuro.

Com explicações que podiam ser entendidas, era possível novamente compatibilizar Deus e a razão.

Kardec dizia que “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade”. Com esta frase, ele inaugurava a época da “fé raciocinada”: podíamos acreditar novamente, sem que para isto tivéssemos que afrontar a razão.

Restavam ainda algumas dúvidas: porque não nos lembramos das encarnações anteriores? Não seria esta uma prova de que estas não existem?

De fato não temos lembrança de fatos, datas, nomes, locais de nossas encarnações anteriores. Mas trazemos, para cada nova encarnação, o conteúdo essencial alcançado até então: sabemos exatamente quem somos, do que gostamos, nossas antipatias, nossas vocações, habilidades.

De que outra forma explicar vocações natas? Ou diferenças de personalidade entre gêmeos idênticos? Ou ainda simpatias e antipatias gratuitas? Ou mesmo atração inexplicável por determinadas ideias e culturas?

São nossas tendências de passado, que se manifestam todos os dias, ainda que de forma inconsciente.

Quanto às memórias de passado que ficaram esquecidas, apesar de registradas em nosso espírito (e acessíveis, por exemplo, pelo correto uso de hipnose), elas não são esquecidas por acaso. Só com o esquecimento conseguimos forças para o recondicionamento.

Quantos de nós não sentem às vezes vontade de dizer “Como gostaria de voltar no tempo e começar tudo de novo, sem o peso do que passou...?”. Esta é a oportunidade que a reencarnação e o esquecimento nos dão.

Pensando bem, é justamente a memória uma das maiores provas da reencarnação. Não a memória dos fatos, mas a memória de quem realmente somos.

Sabemos bem o que somos, ainda que não possamos nos lembrar do porque somos assim.

Este ensinamento, a reencarnação, mudou a vida das pessoas: explica o que parecia injusto, permite entendermos um pouco melhor a Lei Divina, e, principalmente, traz esperança. Esperança que é a grande motivadora de mudanças de comportamento em encarnados e desencarnados.

Quando alguém entende que não está condenado pelo seu passado, porque pode recomeçar - através de novas encarnações - e também que está destinado à perfeição, ganha enorme motivação para começar imediatamente sua transformação.

É neste momento que o esclarecimento ajuda na transformação.

E esta é a grande missão da Doutrina Espírita: esclarecer, dar esperanças, mostrar que a Lei Divina é educativa, e não punitiva.

Ou seja, nos aproximar de novo de Deus.

Índice

Ed.20–Psicologia e Espiritismo

Sueli Inês Arruda Issa

A loucura sob novo prisma

loucura4

Em um breve relato podemos viajar um pouco no tempo e pontuarmos a evolução do conceito de loucura de forma sintética.

Na Antiguidade

Vamos ter três formas de ver a loucura:

1. Obra da intervenção dos deuses que interferiam para que seus desejos não fossem contrastados pelos desejos dos Homens.

2. Produto de conflitos passionais, embora com interferência dos deuses.

3. Efeito de disfunções somáticas, causadas por experiências afetivas.

Na Era Medieval

A loucura foi vista como o resultado da intervenção diabólica e de outros desequilíbrios do Homem.

Coincidindo com o inicio do Cristianismo, a imagem de Satanás como opositor era muito clara e povoava todas as explicações.

Século 17

A loucura passa a ser encarada como fenômeno natural e da alçada médica. Mas ainda o conceito de possessão é visto como causa.

Século 18

Classificada como desarranjo das faculdades intelectuais. A intervenção demoníaca passa a ser mais remota.

Século 19

A loucura é vista num primeiro momento como lesão das faculdades mentais de origem orgânica ou moral, mas tem início a ideia de que existia loucura sem que se detectasse qualquer lesão cerebral.

Em 1897, o médico Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, ainda encarnado escreveu A loucura sob novo prisma, obra vista hoje como um clássico.

Ele considerava que as doenças mentais (como eram conhecidas na época) podiam ter a sua origem a partir de duas situações:

A. Distúrbios físicos, isto é, doenças de ordem orgânica.

B. Doenças de ordem espiritual, motivadas por processos de obsessão.

Para o século 19, isto foi um avanço enorme, pois a ciência ainda não tinha se envolvido com temas desta espécie, embora existisse a Escola Neurológica de Charcot e a de Salpétrière, em Paris, que tratavam da histeria, assim como também estavam no início os trabalhos de Freud e de Breuller sobre o hipnotismo (universo da neuroanatomia).

Somente em 1993 foram referendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) as doenças mentais, que a partir de 1º de janeiro de 1994, passaram a ser qualificadas como transtornos mentais pelo CID-10 (Código Internacional de Doenças – 10° revisão). De acordo com esta nova visão, os transtornos mentais teriam sua origem em fatores vários, entre eles o genético (a ciência não se apercebeu, na sua totalidade, de quais seriam estas manifestações de ordem genética) – estamos ainda desenvolvendo o Projeto Genoma Humano.

Vemos desta forma que o espiritismo antecipou-se muito. Encontramos nele o estudo da medicina.

Dr. Bezerra de Menezes, através de suas pesquisas e estudos, alertava a classe médica daquela época para três pontos importantes:

• O pensamento é pura função da alma ou espírito e, portanto, suas perturbações, em tese, independem de lesão cerebral, embora possam elas concorrer para o caso, pela razão de ser o cérebro instrumento das manifestações, dos produtos da faculdade pensante [...]

• Que a loucura, perfeitamente caracterizada, pode-se dar – e dá-se mesmo –, em larga escala, sem a mínima lesão cerebral, o que prova o cérebro não é órgão do pensamento [...]

• Podendo ser, também, resultante da ação fluídica de espíritos inimigos sobre a alma ou espírito encarnado no corpo.

No livro A loucura sob um novo prisma, após apresentar a cosmogonia espírita, começa por definir o papel do cérebro nas manifestações da mente. Ele vem colocar a questão da obsessão como causa direta para grande parte desse tormento, apresentando ainda a terapêutica espiritual, à luz do espiritismo, para a cura tanto do obsedado quanto para a do obsessor.

Na visão espirita, o cérebro é instrumento da mente. Emmanuel define como “espelho da alma”.

Falando um pouco sobre obsessão, podemos classificá-la em:

• Obsessão simples: trata-se de um pedido de socorro, da imposição e da falta de conhecimento da vida espiritual. Os espíritos querem se comunicar, e muitas vezes geram inconvenientes para aqueles que são médiuns e não sabem como lidar com a situação por desconhecerem os ensinamentos espíritas.

• Fascinação: o obsedado já não goza do livre arbítrio integral. Só obedece às imposições do espírito obsessor, partindo de sugestões simples até a interferência na criação da razão e da imaginação do obsedado.

• Possessão: o domínio do obsessor é completo, e o subjugado não resiste a esse poder oculto.

André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos comenta que muitos dos nossos irmãos desencarnados ainda presos a sentimentos de ódio e ira cercam suas vítimas encarnadas, formando perturbações que podemos classificar como “infecções fluídicas” e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura. Hospedeiro e parasita alimentam-se da mesma sintonia espiritual, pelas ondas que transmitem os pensamentos e com a intensidade dos mesmos sentimentos, processando o mecanismo dos parasitas espirituais.

A obsessão é um penoso mecanismo de ajuste harmônico consciencial daqueles que não se dão a chance de evoluir sob a abençoada oportunidade do amor fraternal, caindo nas malhas edificadoras do ódio, do ressentimento, da necessidade de cobrança e da paixão exagerada.

A terapêutica espírita é um convite à

elevação espiritual. Dr. Bezerra de Menezes propõe como terapia espírita:

I. Fluidoterapia

II. Atividades de benemerência

III. Desobsessão

IV. Moralização do paciente – renovar-se pela prática do bem

Estamos todos no mesmo caminho. O caminho do autoconhecimento e da transformação das emoções mais primárias em sentimentos mais elevados.

Cuidemos de nossos pensamentos e dos sentimentos que alimentamos em nós.

Sigamos sempre para frente e para o alto.

Sugestão para leitura:

- O Evangelho do Futuro

- A Casa Assombrada

- Lázaro, o leproso

- A pérola negra

- História de um sonho

- Casamento e mortalha

- Os carneiros de Panúrgio

- Uma carta de Bezerra de Menezes

- Espiritismo: estudos filosóficos, 3 volumes

Obras consultadas:

1. A Loucura sob novo Prisma - Bezerra de Menezes; 2. A Obsessão e suas Máscaras - Marlene R. S. Nobre; 3. Loucura e Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda; 4. Nos Bastidores da Obsessão - Divaldo Franco; 5. Obsessão/Desobsessão - Suely Caldas Schubert; 6. Novos rumos à Medicina .Vols I e II - Dr. Inácio Ferreira

Índice

Ed.20–Assuntos em família

Sandra Maria Mello Dourado

“O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anelos humanos”.
Joanna de Ângelis

casal

Casamento é a união de duas pessoas que se amam.

Ponto final? Não, só o começo, ou recomeço.

Quando casamos escolhemos um companheiro de viagem. Para uma boa viagem são necessários cuidados detalhados: para onde vamos, o que é preciso levar, o que suportamos carregar e mais importante como manter a viagem agradável sem ter vontade de interromper.

Faz parte do progresso aprender a conviver com o outro. Desenvolver a capacidade de dar e receber. Se os dois querem receber, falta quem dê. Onde só um dá e o outro recebe, a relação é insatisfatória, frustrante.

Se na bagagem há muito mais orgulho e egoísmo, não há lugar para envolvimento e companheirismo. O problema não está nas diferenças ou semelhanças, mas, sim, no risco de tornar a relação competitiva ou carente de afeto. Articular com êxito as semelhanças e diferenças é proporcional a maturidade espiritual.

Por vezes as pessoas não se veem como realmente são. Há a idealização de alguém que vem para completar; só que somos inteiros, não somos a parte que falta, que preenche um vazio, mas a que está ao lado. Colocar no outro a tarefa de nos fazer feliz é um grande fardo, é querer moldá-lo ao nosso gosto, o que resulta em desilusão. Respeito e reconhecimento das próprias qualidades e limitações preserva a própria individualidade e a do companheiro.

Ser invasivo ou manter uma fronteira rígida são condutas igualmente nocivas. Não respeitar o espaço do outro, é invasão. Não permitir que o outro faça parte da sua vida é não permitir ser acompanhado. Em ambos os casos não ocorreu efetivamente o “casamento”, no primeiro há um controle disfarçado de amor, no segundo a indiferença.

Todos trazem reflexos de outras vidas, da orientação, do exemplo dos pais e do convívio social. E aliado a toda bagagem espiritual manifesta sua cultura, educação, preconceitos, conflitos, inclinação e habilidades. O casamento é um exercício maravilhoso e uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de nossas potencialidades, dentro do mecanismo da lei de reencarnação.

Nesta viagem não basta sentir, é necessário investir. Então é imprescindível comunicar que ama através de palavras e atitudes; abraçar, elogiar, dizer que o outro é uma pessoa especial, ouvir, compreender, não depreciar e perdoar.

Resposta das questões 695 e 696: Casamento é um progresso na marcha da Humanidade. A abolição seria um retrocesso à vida animal. O livro dos espíritos – Allan Kardec

Referências bibliográficas:

ALMEIDA, Alberto. A arte do (re)encontro-casamento. Curitiba: Federação Espírita do Paraná, 2010.

LOPES, Sergio L. S. Leis morais e saúde mental. Porto Alegre: Federação Espírita do Rio Grande do Su, 2007.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Índice

Ed.20–Matéria Doutrinária

Esterlita Moreira

A Lei da Reprodução - uma lei natural

reprodução2

“O berço confere a existência, mas a vida é nossa obra” – Emmanuel

A Lei da Reprodução faz parte do conjunto das Leis Morais de O Livro dos Espíritos e trata de questões importantes sobre os impactos da ação do homem no processo de reprodução das espécies, tais como a população do globo, sucessão e aperfeiçoamento das raças e obstáculos à reprodução.

Como tudo na natureza, também o renascimento é regido por leis naturais, leis criadas por Deus. E a reprodução das espécies, promovendo a continuidade de todos os seres vivos, é uma lei natural, perfeita e imutável como o próprio Deus. Sem a reprodução assistida por Deus, o mundo material pereceria, nos ensinam os espíritos que orientaram Kardec (questão LE- 686).

Deus também não prescinde da ação do homem nesta tarefa. Na questão LE-692, os espíritos nos esclarecem que o próprio homem é instrumento de Deus para o aperfeiçoamento das espécies animais e vegetais e favorecer a sua conquista corresponde a uma vontade Dele. As leis de Deus são leis morais, que dizem respeito especialmente ao homem em si mesmo, das suas relações com o seu Criador e com os seus semelhantes. Todas essas leis relacionam-se entre si, e todos nós estamos sujeitos a elas. As nossas ações pautadas com ética e caridade serão sempre congruentes com as leis de Deus.

Nascemos ou renascemos?

Renascemos a cada jornada evolutiva. O nosso nascimento original aconteceu lá atrás, há muito, muito tempo. O caminho que se nos abre agora nada mais é que o prolongamento dos caminhos que antecederam a esse. Somos o que construímos até aqui e trazemos na bagagem diversas ferramentas para desbravar esse caminho novo e desvelar as infinitas possibilidades que ele nos reserva. É certo que limites também vamos encontrar. Podem ser simples pedras, ou montanhas enormes, mas seja como for contamos com o amparo e a proteção de Deus. Então vamos arregaçar nossas “mangas” e seguir em frente confiantes que valerá a pena.

O berço materno portal divino

A beleza e o mistério da vida começam no útero – uma câmara onde são construídos os alicerces do novo instrumento físico. Modelado com muito zelo, esse corpo nos servirá de veículo para realizar as tarefas a que fomos chamados à executar no mundo material. Durante nossa gestação, somos envolvidos por uma membrana, a placenta, que nos nutre e ao mesmo tempo funciona como adstringente, drenando todos os excretos. Nesse espaço de tempo que ficamos nesse berço acolhedor, os traços da nossa individualidade vão sendo impressos, selando assim, o nosso novo instrumento físico, capaz de dar conta do grande tema que norteará a nossa jornada, sem, no entanto suprimir o nosso livre-arbítrio. Sustentados pelo amor materno incondicional, vamos tendo um desenvolvimento embrionário compatível com as nossas necessidades.

O lar necessário lar

Pela justiça e misericórdia de Deus, nos é concedido a bênção do reinício. Renascemos no lugar ideal, em condições sempre propícias. O lar que nos abriga e nos embala, é o mesmo lar que nos permite desenvolver a caridade, a tolerância, nos fortalecendo para alçarmos um novo voo no encalço de nosso próprio aperfeiçoamento. De maneira geral, renascemos na terra, conforme as nossas necessidades e segundo nossas dívidas e contaremos para esse fim com aqueles que nos afinam com o nosso modo de proceder e ser. Emmanuel nos diz que “Os problemas da hereditariedade, descendem, de forma geral, dos reflexos mentais que nos sejam próprios”. Ao lar somos atraídos ou trazidos, a depender da nossa maturidade de programar nossa reencarnação, pois carecemos de recomposição perante a vida e a nós mesmos.

O ciclo incessante da vida

perante a lei da reprodução

Hoje somos sete bilhões de espíritos encarnados na Terra. Allan Kardec preocupado com o crescimento populacional, perguntou aos espíritos se a população do globo tornar-se-á excessiva um dia. E a resposta foi: “Não. Deus que a isso provê, mantém sempre o equilíbrio” (questão LE-687). Até mesmo a igualdade numérica dos sexos está em conformidade com as leis naturais, favorecendo a união de dois seres. Como podemos perceber, as condições estão dadas para nascermos e renascermos quantas vezes se fizer necessário, a fim de tratarmos das enfermidades de nossas almas. Ora seremos filhos, ora seremos pais. Como filho, estaremos a mercê daqueles que nos tecerá os moldes. E como pais, receberemos aquele companheiro que nos retoma o caminho quase sempre para reajustarem conosco. A relação de amor e perdão será o pano de fundo dos nossos processos regenerativos. Seremos sempre herdeiros das nossas próprias obras.

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Lei da Reprodução (questões 686 a 694)

Pensamento e Vida – Chico Xavier, pelo espírito de Emmanuel

Índice

Ed.20–Programação

Sandra Dourado, Esterlita Moreira e Maria Inez Batista Araújo

Curso Intensivo de Iniciação ao Estudo do Espiritismo

O objetivo é possibilitar o conhecimento básico da doutrina espírita codificada por Allan Kardec e serve de pré-requisito para ingressos nos cursos de Educação Mediúnica ou de Evangelho.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas na recepção ou na secretaria.

Início dia 31 de julho. Horário das 20h15 às 21h45.

Doutrinária

Curso de iniciação ao estudo do espiritismo

Oferece ao aluno conhecimentos básicos da doutrina espírita, para que ele possa ingressar nos cursos de Educação Mediúnica ou de Evangelho. Quartas-feiras das 15h às 16h30 e das 20h às 21h30.

Curso de educação mediúnica

Visa educar e treinar o médium através de estudo e do exercício da prática mediúnica, proporcionando segurança no processo das manifestações espirituais.

1º e 2º ano, quartas-feiras das 20h às 22h.

Curso: conhecendo e entendendo o evangelho

O curso nos dá a base para a análise do Evangelho, sobre o prisma científico, filosófico e nos ensina a colocar em prática, no nosso dia a dia, os ensinamentos de Jesus. 1º e 2º ano, quartas-feiras das 20h às 21h30.

Curso de educação espírita para infância e juventude (evangelização)

Sábados das 10 às 11h30 (das 10h às 11h haverá palestra e passe aberta ao público), faixa etária: 3 a 18 anos.

Inscrições permanentes.

Atendimento fraterno

Destinado a qualquer pessoa que procure a casa espírita. Visa esclarecer e orientar, de forma preliminar, sobre o contexto espírita, além de encaminhar para atividades e atendimentos segundo suas necessidades.

Segundas e quintas-feiras às 20h.

Quartas-feiras às 13h.

Palestras e passes

Segundas e quintas às 20h, quartas às 12h e sábados às 10h.

Filantrópica

Curso para gestantes

Informação e acolhimento a gestante, o programa do curso é apresentado em seis encontros por uma equipe multidisciplinar voluntária, composta por profissionais das áreas de psicologia, nutrição, pedagogia, serviço social, educação, fisioterapia e enfermagem. Quartas-feiras, das 15h às 17h. Inscrições abertas.

Oficina de costura, tricô e crochê

Cursos gratuitos para confecção de casaquinhos e mantas para compor o kit enxoval do bebê. Produção de peças para o bazar interno. Terças e quintas, 14h30 às 16h30.

Oficina de artesanato

Produção para o bazar interno.

Terças e quintas, das 14h30 às 16h30.

Educacional

Curso de informática básica I

Quartas e quintas das 19h30 às 21h

e sábados das 10h às 11h. Proporciona a inclusão digital do aluno

Curso de Informática

Introdução à internet

Terças-feiras das 20h às 21h30. Permite acesso à internet e redes sociais.

Curso de inglês

BÁSICO: quartas das 18h50 às 19h50.

INTERMEDIÁRIO: segundas das 18h45

às 19h45. INTERMEDIÁRIO AVANÇADO: quartas das 18h50 às 19h50. Oferece uma aproximação com a língua inglesa, abrindo portas para um mundo globalizado.

Curso de alfabetização para adultos Oficina de leitura e escrita

Terças, quartas e quintas das 14h30

às 16h30. Proporciona a educação básica através do conhecimento das letras e da leitura com interpretação de textos.

Índice

Ed.20–Aconteceu no IEE

O 1º Encontro do IEE foi um sucesso

encontro

Mais de cem pessoas compareceram ao encontro realizado dia 26 de maio. Os objetivos foram alcançados: conhecer todos os trabalhos da casa; amplicar a participação dos visitantes no nosso centro; confraternização entre os participantes e trabalhadores da casa.

Os participantes foram divididos em grupos e por 10 minutos assistiram apresentações de cada estação, de cada trabalho da nossa casa.

Heloísa Pires concluiu o evento com uma palestra sobre o tema “O trabalhador espírita”, ressaltando o preparo prévio, desde outras vidas dos trabalhadores dessa doutrina tão esclarecedora que é o espiritismo.

Esse foi apenas o 1º encontro. Parabéns à equipe que se dedicou para ele acontecesse. Agradecemos a participação desse público tão acolhedor e vamos aos próximos!

Veja as fotos do encontro no link: http://migre.me/9kNjX

A Festa Junina do IEE

festa junina

Dia 24 de junho foi realizada a tradicional Festa Junina organizada pelos voluntários da nossa casa.

Todos se deliciaram com os quitutes juninos: canjica, arroz doce, doce de abóbora, pé-de-moleque, etc. As tradicionais barracas de brincadeiras agradaram tanto as crianças quanto os adultos, que puderam relembrar seus tempos de infância. Ah... e os deliciosos lances, caldo de abóbora, vaca-atolada vão ficar na memória também.

Tudo aconteceu em clima de muita alegria e fraternidade no espaço de eventos da nossa casa.

Nossa gratidão por todos que se empenharam para a realização deste evento filantrópico em prol dos projetos sociais do IEE.

Índice

Ed.20–Vai acontecer no IEE


IV Seminário de Saúde
Mental e Espiritismo Núcleo de Saúde Mental da AME-SP “Dr. Inácio Ferreira”

DEPENDÊNCIA QUÍMICA:

Aspectos biopsicossociais e espirituais.

Data: 26 de agosto de 2012

Local: Instituto de Educação Espírita

www.institutoespirita.org.br

Endereço: R. Prof. Atílio Innocenti, 669

Até dia 24 de agosto, R$ 25,00 para associados AME-SP e IEE e R$ 40,00 para não sócios. No local do evento (se houver vagas) o preço será de R$ 50,00 para não sócios e R$ 35,00 para associados.

Estacionamento no local: R$ 10,00

Investimento:
Associação Médica Espiritual de São Paulo www.amesaopaulo.com.

E A Vida Continua - O Filme

Adaptado da obra literária E A Vida Continua, psicografada por Chico Xavier e ditada pelo espírito André Luiz, o filme de mesmo nome estréia em agosto deste ano. Dirigido e com roteiro adaptado por Paulo Figueiredo e produção de Oceano Vieira de Melo, o filme é uma realização da Versátil Digital Filmes, da VerOuvir Produções Artíticas com apoio cultura da Federação Espírita Brasileira. A distribuição nos cinemas será da Paris Filmes e tem estréia prevista para 31 de agosto.

Índice

Ed.20–Expediente

Uma publicação bimestral: IEE - Instituto Espírita de Educação

Versão online:
www.jornaldoiee.blogspot.com

Rua Professor Atílio Innocenti 669 - Itaim
Bibi - SP - Telefone 11 3167 6333
Editor Chefe: Rafael Berlese de Matos Dourado
Coordenação: Karina Jaccard
Jornalista Responsável:Bárbara Moreira (55.466/SP)
Revisão Geral: Sandra Maria Mello Dourado

Diagramação: Alberto Penteado e Taísa Bacharini

Presidente: Maurício Ferreira Agudo Romão
Vice-Presidente: Rafael Berlese de Matos Dourado
Diretoria Doutrinária: Sandra Maria Mello Dourado
Diretoria de Educação: Maria Inez Batista Araujo

Diretoria Filantrópica: Esterlita Moreira
Diretor de Patrimônio: Dálvaro Spinolla
Diretor Financeiro: Luiz Carlos Palma
Vice-Diretor Financeiro: Sérgio Cassano
Primeira Secretária: Lúcia Maria Silva de Andrade Segunda Secretária: Cláudia Garbini

Índice