ed. 23 - psicologia e espiritismo


Sandra Dourado
O suicídio na visão espírita

Se o homem não tem o direito de tirar a vida do próximo, e sim o dever de amá-lo “como a si mesmo”, muito menos tem o de eliminar a própria vida”. Emmanuel – Francisco Candido Xavier. 
O homem vive em busca da felicidade, sem entendê-la ou reconhecê-la, por isto ela está sempre distante. Não se da o direito de ficar triste, de ter problemas, de refletir e de se conectar com Deus. Tem pressa em resolver, como se a solução já estivesse pronta em algum lugar. Por vezes acredita que o suicídio é a solução e foge por esta via.
Na ilusão de acabar com os problemas, comete o equívoco de procurar o remédio onde ele não está. Trocar a roupa não muda o caráter, nem as dores e dificuldades, por que estas são de resolução íntima. O espiritismo esclarece 1 que quem comete o suicídio passa por grande decepção no mundo espiritual, pois a vida continua e tudo, com exceção do corpo físico, continua tão vivo quanto antes. Postergar a realização dos deveres e provas pelas quais deveria passar torna as adversidades maiores daquelas que se imaginava não suportar.
Suicídio não é somente o ato de quem tira a própria vida de forma abrupta, ele pode ser indireto se houver descuido ou irresponsabilidade com a vida através de atitudes que desgastam e agridem o corpo físico, abreviando a encarnação. Exagero alimentar, bebidas alcoólicas, fumo, drogas, excessos de toda a ordem. Determinados comportamentos também lesam o corpo físico e espiritual como a ira, maus tratos físicos e psíquicos ao seu semelhante, ócio e o sedentarismo. Em O Livro dos Espíritos, pergunta 943, Allan Kardec relata que “o desgosto pela vida é efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade”.
Ao perceber que alguém apresenta ideias suicidas, o encaminhamento para tratamento médico, psicológico e espiritual se faz necessário e urgente.
 Quando algum ente querido resolve interromper o curso da vida na Terra, os que ficam passam por um misto de culpa, dor e revolta, “por que não percebi, por que não me falou, por que não pensou em mim, no meu sofrimento”. Quem partiu interrompendo de forma brusca a própria vida não estava à procura da morte, desejava sim, embora de forma equivocada, que morresse a sua dor.
A oração e as vibrações amorosas são os melhroes recursos, pois geram ondas mentais, que se propagam no espaço em direção ao alvo para o qual é endereçada proporcionando alívio e conforto espiritual.
Quantas dores poderiam ter sido amenizadas através da prece sincera.
O espírita tem vários motivos para se contrapor à ideia de suicídio: a certeza de uma vida futura; sabe que este ato não o leva para o “céu” ou para perto dos afetos que já partiram, sendo sim um obstáculo; a morte do corpo não o liberta, o que liberta é a consciência do dever cumprido.  No capítulo V - de O Evangelho Segundo o Espiritísmo, diz que “a calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a vida terrestre, e na fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra o suicídio”.
O homem que trabalha seriamente pela sua melhora está livre das misérias materiais e morais; terá calma, porque as vicissitudes não o afetarão senão de leve; terá saúde, porque não esgotará o corpo com excessos; será rico, porque o é quem se satisfaz com o necessário; terá paz na alma, porque não terá necessidades impossíveis; não será atormentado pela sede de honras e do supérfluo, pela febre da ambição, da inveja e do ciúme. Portanto, terá recursos para reconhecer e agradecer a dadivosa oportunidade da reencarnação.

Fonte:
FRANCO, Divaldo Pereira. Após a tempestade. Joana de Ângelis.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo.
KARDEC, Allan. O céu e o inferno.
1 KARDEC, Allan. O livros dos espíritos.
XAVIER, Chico. Estante da Vida. Irmão X

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Um comentário:

  1. Amiga Sandra Dourado,
    Importante o teu artigo, pois nos faz refletir sobre o bem maior de um ser humano: A vida.
    Quem é pai sabe o valor da vida. Desde o nascimento, ou até antes na gestação passamos a amar em demasia aquele ser indefeso e que necessita de amor e carinho.
    Se valorizamos tanto a vida, por que prescindir dela?
    Sabemos que há momentos de tristeza, amarguras e depressão, mas o melhor da vida é a superação.
    Quando assistimos a uma maratona ficamos perplexos de tanta vontade em vencer. A vida é uma eterna maratona.
    Do eterno amigo da família Dourado- Artur Ferreira( Porto Alegre)

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