ed. 24 - assuntos em família

Marcelo Prado   
Consumismo:
uma questão de educação - ser e ter
Atender as nossas necessidades é um ato essencial da vida. Trata-se do básico de que precisamos, portanto, precisamos respirar para continuarmos vivos e de alimentos para a manutenção do corpo. Sem uma casa, não se faz viável o abrigo do sol e do relento. Sem a sagrada água, não se mata a sede.
E quanto ao desejo? Por que é importante distinguir? Porque o desejo é a ação motivadora do atendimento dessas necessidades e está intimamente ligado ao estado de satisfação e insatisfação do homem e, influenciado pelo meio em que vivemos (ração, religião, sexo, cultura, etc).
Geralmente, criamos um desejo para substituir uma frustração e/ou insatisfação. Apenas o autoconhecimento, adquirido através de uma educação esclarecedora, que nos leve a uma melhor compreensão de mundo, das leis, de existência e de futuro, pode evitar que nossas necessidades sejam transformadas em desejos e, portanto, distanciado-nos da solução dos problemas reais, levando-nos ao estado de consumismo e de desequilíbrios.
Assistimos programas de entretenimento na televisão e comerciais dos anunciantes, que estimulam uma ação de consumo, baseados na diferenciação do indivíduo (status-quo) e aceitação social com a finalidade da perpetuação do ciclo interminável de busca de nossas satisfações.
Jornais e revistas, não apresentam, em muitos casos, opiniões isentas e seguras e, portanto, influenciam-nos tendenciosamente a seus interesses e/ou dos anunciantes. Como vivemos em uma sociedade de consumo, pode-se compreender a lei do interesse prevalecendo. Cabe a nós, termos uma consciência crítica, ir além das aparências, perceber a nossa realidade como mutável.
Por isso, notamos em nosso meio a exacerbação do estado de posse das coisas, ou seja o sentido de TER, em detrimento do SER. A diferença? O TER é substituível, transitório e, principalmente, rentável para o outro lado da troca, o vendedor. O SER é inerente ao indivíduo, se relaciona aos seus valores e ideais, se ajusta à sua personalidade, é durável.
Para evitarmos os desequilíbrios emocionais e financeiros em nossa vidas, famílias e lares, temos que consumir com consciência, planejamento, informação e entendimento das reais necessidades das coisas e melhor compreensão dos seus benefícios. Consideramos nossa realidade financeira, antes de consumir e aplicarmos uma boa dose de razão no ato de consumir, pode nos trazer tranquilidade de consciência, traduzida como estado de felicidade.
Assim, é possível dar um bom exemplo de conduta e comportamento equilibrado, principalmente, para as pessoas que nos são importantes e que de alguma forma influenciamos na educação. As duas chagas da humanidade são orgulho e o egoísmo, neles podemos observar a origem de todos os vícios e faltas. Para combatê-los, precisamos cultivar suas vertentes do bem: a caridade e a humildade.
O ato de consumir pode manifestar nossas tendências para os vícios e/ou virtudes, cabe a nós estarmos alertas.


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Um comentário:

  1. Achei bastante apropriado este artigo onde o ser se apresenta substituído não só pelo ter como o que é pior o parecer, neste mundo de hoje onde os interesses econômicos criam necessidades artificiais. Alertar sempre e importante.
    Bastante interessante também o paralelo orgulho versus humildade e egoísmo versus caridade como comportamento causadores e curadores de todos pois vícios.

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